sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Indignação que o Bolsa Família desperta não se estende aos inúmeros “auxílios” destinados aos “homens públicos”

Hoje o Blog retoma um tema que motivou debates dos mais barulhentos na campanha presidencial: o Bolsa Família ou, mais especificamente, as críticas dirigidas a ele.
As acusações que classificam o programa de fábrica de dependentes e encostados e ainda de meio para se assegurar votos dos inscritos no BF, mereceram e merecem reflexões.
Mas o que mais chama atenção é que a indignação dos que atacam a iniciativa se limita ao  programa.
Benesses destinados aos homens públicos – deputados, senadores, prefeitos, vereadores e juízes – não motivam 1/10 da ira dirigida ao Bolsa Família.
São auxílios moradia, paletó, alimentação, verba de gabinete, verba indenizatória (passagens, gasolina), bolsa escola para os filhos (no caso de magistrados) que consomem milhões dos cofres públicos e reforça as cifras de salários já privilegiados.
Enfim, um rosário de penduricalhos salariais que contribui para engordar contas e fortalecer ainda mais as “castas” cujos sobrenomes abrem, há séculos, as portas do poder.
Pois bem. Nesse tempo em que o BF serviu combustível para incendiar debates sobre abusos, benesses e estímulo à vagabundagem não se viu ou se ouviu um pio contra essa rede de benefícios que enche os bolsos do que ocupam o poder público.
Volto ao assunto porque por onde passei durante esse período em que estive de recesso, ouvi, por inúmeras vezes, que o Bolsa foi o “grande culpado” pela  vitória de Dilma ao mesmo tempo faz com que ninguém queira mais trabalhar.
E esse tipo de comentário partiu de gente que está longe de ocupar o topo da cadeia econômica. Trata-se de apenas remediados que agora, veja que tristeza, não conseguem arrumar uma “moça” (empregada doméstica) ou alguém para derrubar uma roça.
Não se sabe como os muitos milhões gastos mensalmente com a infindável lista de agrados destinados aos políticos impacta na economia, além de garantir facilidades e “felicidades” aos ávidos beneficiários.
Já o Bolsa Família, além de livrar milhões da fome, faz a roda da economia girar, como mostra matéria de 2013 do Valor, abaixo:

Ipea: cada R$ 1 gasto com Bolsa Família adiciona R$ 1,78 ao PIB

Dito isso, vale destacar que o Blog torce para que esse debate e prossiga e, principalmente, que a indignação dirigida ao BF se estenda à teia de auxílios instituída nas casas legistativas, Executivo e Judiciário.
Quem sabe, um dia, os excessos assegurados aos políticos com o suor do contribuinte motivem protestos e entrem na pauta das campanhas.

Josué Nogueira – Graduado em jornalismo e pós graduado em História Contemporânea

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